SASHA PANA
( ROMÊNIA )
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 22. Ano 1. Janeiro – Março 2006. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2006. ISSN 0104-0626. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
TRADUÇÃO DE MARCOS SILVA
A rede de Pitágoras
Minha cabeça é um vórtice
Encontram-se na mesma ponte
os cordeirinhos dos desejos mais disparatados
e o impulso da silabação de misterioso nadir
jogos descoloridos com a lua
com gatos que simulam a floresta
um olho é calmo com um florista retorcido para o azul
o outro espreita como na prisão
inquietudes com suas bilhas aos pés sedentos de partir
quando úlceras supuram a consciência
os espelhos se enganam
as palavras-fio à medida do pensamento
palavras-laranja
as palavras são uma colher de sangue no oceano
às vezes um sorriso num sudário tão vasto como o horizonte
que belo monumento uma tempestade feita de pedras
os dedos apalpam-na
rompam-se os maxilares no delírio da mordida
e a chave do pensamento siga o fato
o espetáculo terá início com frias reverências
a história vígil à cabeceira dos acontecimentos
há de os corrigir com maquiagem
cirurgia estética da verdade
bastante dura
e temerária
mais bela do que a noite
*
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Página publicada em julho de 2024
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